Consciência: estrutura e função
- L-PSICOBIO
- 9 de nov. de 2021
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A origem da palavra consciência vem do latim e é composto pelo prefixo cum (com) + scientia (conhecimento, informação), ou seja, estar com o conhecimento, com a informação. A consciência é um ato psíquico que cada pessoa vai sentir, perceber, pensar, sobre sua existência e presença em relação ao mundo, como ela se porta a este e interage com si mesma e com os outros. Ela acontece quando aquilo que já é conhecido e compreendido pelo ser humano entra em contato com a realidade, fazendo uma ressonância a respeito do que a cerca ao adquirir conhecimentos e refletindo sobre os mesmos.
Para a psicologia cognitiva, a consciência é um estado cognitivo que vai permitir a nossa interação e a interpretação dos estímulos externos que constitui a realidade de uma pessoa. Quando esta não tem consciência do que está ao redor dela, da sua realidade, ela tem uma tendência a se desligar e não ter a noção concreta do que está acontecendo, como quando há alteração nos estados da consciência que pode ser causado por ansiedade, depressão, uso de psicotrópicos, meditação, música e etc. Todos esses podem fornecer um estado alterado tanto positivo quanto negativo.
Assim, a consciência é uma instância abstrata pertencente à mente que proporciona alguns elementos como a autoconsciência, que é a capacidade de perceber a si mesmo, os outros, a própria subjetividade que envolve a identidade, entender quem se é e o que faz na vida, como se relaciona com si e os outros, seja amigo, familiares, conhecidos, qualquer pessoa. Desse modo, a consciência está relacionada ao autoconhecimento, pois conforme cada um percebe sua forma de atuar no mundo, maior é sua consciência.
Já a mente é um fenômeno complexo da natureza humana onde se encontram os processos mentais, como a atenção, memória, linguagem, cognição, percepção e sensação, cuja consciência permeia todos esses. Primeiramente há a captação das sensações, depois a interpretação das percepções selecionadas pela atenção que por conseguinte serão armazenadas na memória e traduzidas pela linguagem.
A partir disso, a consciência apresenta uma estruturação em três níveis: o inconsciente, pré consciente e consciente. O inconsciente funciona de forma involuntária, sendo assim, ele tem maior domínio sobre as pessoas e é tudo que não foi racionalizado, ou seja, não passou por juízo crítico, de valor. Ele diz sobre nossas vivências que ficaram bloqueadas, traumas que a consciência tem dificuldade de acessar, que ficam armazenados na mente numa instância profunda que pode ser despertado (ou não), como pode acontecer num processo de psicoterapia, por exemplo. O pré consciente diz respeito a informações que estão prontas para serem evocadas (quando a pessoa está com a palavra, cena ou memória na ponta da língua), mas necessita de um momento específico para isso. E por último a consciência em si, que é aquilo que se é racionalizado, pensado, como nossos conceitos, vocabulário e experiências, por exemplo. O consciente, então, acontece através da captação das nossas sensações, da interpretação das nossas percepções, da seleção da nossa atenção, do armazenamento na memória e da tradução pela linguagem. Dessa forma, todos os processos psíquicos e abstratos estão atrelados no que tange a consciência.
Na análise transacional, teoria social que faz a análise da comunicação humana, trabalha-se com a tomada de consciência, que é quando trazemos um conteúdo que está no inconsciente - que rege o comportamento, as emoções, os pensamentos, sentimentos e as crenças limitadoras - para a realidade, para o consciente, fazendo com que a pessoa olhe para esse conteúdo e analise com base na realidade em que ela está inserida. Nesse sentido, a análise transacional investiga a ação, as interações e os efeitos, positivos e negativos, que elas provocam na pessoa com a intenção de promover sua autonomia. Para isso, trabalha-se com 3 aspectos importantes da vida da pessoa: Consciência, Espontaneidade e Intimidade. O primeiro diz respeito à capacidade de viver no aqui e agora, o que permite conhecer e julgar a própria realidade. O segundo, sobre a capacidade em expressar o que sente e o que pensa, sem se prender a distorções e preconceitos internos. E, o último, à expressar e manifestar sentimentos e emoções de maneira autêntica. Com isso, quanto mais a pessoa tem consciência sobre ela, mais autônoma ela se torna.
Referências
Sternberg, R.J.(2010) Psicologia cognitiva. Cengage Learning
Van Gulick, R. (2018) Consciousness. In: Zalta, E. The Stanford Encyclopedia of Philosophy.
Disponível em: https://plato.stanford.edu/archives/spr2018/entries/consciousness/
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