Um pouco sobre memória
- L-PSICOBIO
- 14 de ago. de 2020
- 3 min de leitura
"A memória recolhe os incontáveis fenômenos de nossa existência em um todo unitário; não fosse a força unificadora da memória, nossa consciência se estilhaçaria em tantos fragmentos quantos os segundos já vividos" Ewald
Nesse período de quarentena lembranças estão sempre vindo a tona e nos deixando com um aperto em nossos corações, lembramos de momentos com nossos amigos, dos almoços de domingo com a família, muitas idas e vindas a diversos lugares, ou seja, há muitas recordações. Ao mesmo tempo que lembramos desse tipo de lembranças, conseguimos nos lembrar de cheiros, nome de objetos e outras categorias mais simples. No texto de hoje vamos falar sobre como esses eventos se armazenam até se tornarem uma memória e como cada informação é armazenada nos tornando indivíduos com uma capacidade de armazenamento que nos dá um identidade pessoal, possibilidade de aprendizados e associações.
A memória é um processo psicológico complexo, que passa por diferentes etapas, porém lembre-se que tudo ocorre ao mesmo tempo, apenas para fins mais didáticos que se faz essa linearidade e, também que as informações ficam armazenadas em regiões difusas do cérebro.
Por mais que haja um limite no conhecimento do processo de armazenamento, sabe-se que as informações chegam ao nosso cérebro formam um circuito neural, ativando uma rede de neurônios que possivelmente irá resultar na retenção dessa informação. Conforme repetimos determinas ações/informações, toda as vezes esse mesmo circuito é ativado, o que ajuda na retenção da informação.
O armazenamento pode ser dividido em três subprocessos: aquisição, consolidação e evocação. Vamos falar um pouco sobre cada um?
A aquisição trata-se do momento em que a informação chega até nosso sistema nervoso, isso ocorre devido as estruturas sensoriais, as quais transportam a informação recebida até o cérebro, atingindo os órgãos receptores, o qual, através dos nervos sensitivos , chega ao sistema nervoso central. Já consolidação é o momento em que há o armazenamento da memória, dependendo do tipo de memórias podem ocorrer de duas maneiras diferentes, sendo a primeira através de fenômenos eletrofisiológicos, que ocorre quando tentamos memorizar uma situação nova e, através de alterações bioquímicas. Ter um sono saudável é muito importante, pois a fase REM participa dessa etapa. A ultima etapa é a evocação, nela ocorre o retorno espontâneo ou voluntário das informações armazenadas.
Por fim, as memórias se dividem em diferentes grupos, baseado no tempo de armazenamento e natureza da memória. São elas:
Memória sensorial: forma mais breve de memória e acontece através dos cinco sentidos, ela tem natureza elétrica, ou seja, só acontece quando tais neurônios estão ativos, não gerando alterações morfológicas e nem funcionais nos neurônios envolvidos neste processo.
Memória de trabalho: tem o armazenamento temporário de informação com capacidade limitada, ela contextualiza o indivíduo e o ajuda a gerenciar as informações que estão transitando pelo cérebro. Por mais que não crie uma memória duradoura, ela permite a comparação de memorias novas com memórias antigas.
Memória de longa duração: armazena informações por tempo indeterminado, ela pode ser memória declarativa, que corresponde às memórias que estão prontamente acessíveis à nossa consciência e que podem ser evocadas através de palavras e memória não declarativa, que correspondem às memórias que estão em nível subconsciente, não podendo ser evocadas por palavras, mas sim por ações. Esse tipo de memória resulta em algumas alterações estruturais e sinápticas no cérebro.
Lembrem-se que hábitos saudáveis ajudam na consolidação das memórias, como dormir bem, alimentação saudável e a prática de exercícios físicos.
Fonte: https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-79722015000400017
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