Você sabe o que é actigrafia?

Actigrafia é um exame feito através de um aparelho semelhante a um relógio (actígrafo), que é colocado geralmente no punho não dominante do paciente, podendo ser utilizado no tornozelo também, a fim de investigar o sono de forma simples e indolor, através de sensores que detectam e registram os movimentos realizados e podem estimar parâmetros do sono com algoritmos especializados em programas por computador. Esse exame é indicado para pacientes com distúrbios do ritmo circadiano, ou seja, para pacientes que apresentam hora de dormir e de acordar não sincrônicas com o ciclo do dia e noite. Também é apropriado para a compreensão de pessoas que não conseguem dormir em laboratório, como crianças pequenas e idosos.

Esse equipamento capta o nível de movimentação, se o paciente está em atividade ou em repouso, a partir de ao menos um acelerômetro, minuto a minuto. Os actígrafos modernos possuem sensores de temperatura, que registram a temperatura periférica, formada pelos tecidos (pele, membros superiores e inferiores etc) que a temperatura não é homogênea e sofre influência do ambiente que se encontra. Há também sensores de luminosidade, os quais identificam as diferentes frações de luz. Todos esses fatores influenciam no ritmo circadiano dos seres humanos.

O exame em questão não apresenta restrição de idade e é suficiente para o diagnóstico de distúrbios de ritmo, bem como de sonolências excessivas e hipersonias. Contudo, não é utilizado para diagnósticos de apneias e parassonias, por exemplo. A partir do exame é possível avaliar a qualidade e quantidade do sono do sujeito, o número de despertares durante o mesmo, sua latência (o período de tempo que é preciso para realizar a transição da vigília para o sono total), tempo na cama, tempo total acordado, episódios de sono durante o dia e estimar níveis de atividade física e estabilidade do ritmo circadiano na rotina dos indivíduos. Dessa forma, o aparelho é colocado no punho do paciente e este deve permanecer com ele por no mínimo 21 dias, retirando-o apenas para tomar banho. Após esse período, o aparelho deve ser entregue ao especialista para que os dados sejam analisados e o laudo executado, sendo um exame de fácil realização.

Ademais, como o aparelho fica no pulso não dominante, não incomoda e não atrapalha a execução das tarefas pelo dia a dia do paciente, permitindo sua autonomia. Além disso, ele monitora todo o período de uso do aparelho, não só a noite, possibilitando o registro do comportamento que oscila entre a vigília e o sono 24 horas por dia, por dias consecutivos, o que expande um diagnóstico comparativo entre as noites. Por fim, ele amplia a investigação do sono para fora dos laboratórios, pois a qualidade do sono dos sujeitos são medidos em seus próprios ambientes de vida, com seus hábitos, costumes e rituais para dormir. A actigrafia também surge como um método valioso para avaliação do descanso na doença de Alzheimer. Isso se dá porque os problemas de sono são bastante comuns em doenças neurodegenerativas que provocam demência. Estudos apontam, inclusive, que pacientes com a doença, em comparação com idosos normais, apresentam ritmo de descanso interrompido.

Nesse sentido, tais pesquisas são importantes pois contribuem para a obtenção de dados relevantes no tratamento destes idosos. A partir disso, é possível pensar em estratégias que melhorem o sono destes indivíduos, já que um sono adequado é indispensável para uma boa saúde e qualidade de vida. Outra condição associada ao uso da actigrafia é a doença de Parkinson. Nestes indivíduos, distúrbios de sono são frequentemente os sintomas mais comuns não-motores. Nesse sentido, o exame é utilizado em alguns estudos, e demonstrou que o público alvo possui um pior sono e um ritmo atividade-repouso mais fragmentado em comparação com a população saudável.

Assim, a actigrafia é útil no rastreio e acompanhamento de possíveis distúrbios no ritmo circadiano ocorridos dentre estes pacientes, contribuindo para o seu tratamento. Outrossim, a actigrafia tem sido usada para o monitoramento de movimentos do sono em estudos de diversas áreas, como: psiquiatria, psicologia comportamental, dentre outras. Desse modo, conclui-se que analisar a ritmicidade circadiana tem um papel crucial no controle aprofundado destes distúrbios. Por fim, é importante que o paciente busque atendimento profissional, pois somente estes saberão o melhor método a ser utilizado para detecção e tratamento dos distúrbios do sono.

Conteúdo elaborado pelas ligantes: Anna Laura de Oliveira Kallas, Clara De Simoni Oliveira Silva, Leticia Hori Mendes e Lynna Stefany Furtado Morais

Referências

https://www.einstein.br/especialidades/medicina-do-sono/exames-tratamentos/actigrafia

https://institutodosono.com/artigos-noticias/actigrafia-o-que-e-para-que-serve/#menu

https://condorinst.com.br/blog/o-que-e-actigrafia/

https://akasadoconhecimento.com.br/actigrafia/

Da Silva, A. M. D. F. et al. (2017). Uso da actigrafia na avaliação do ritmo atividade-repouso em pacientes com doença de Parkinson. Revista Brasileira de Neurologia, 53(2).

Garcia, A. dos S., Neves, J. D. das, Vicentini, S. C., Nogueira, G. de A., Marques, J. M., Barreiros, R. N., Marta, C. B., Silva, R. C. L. da, & Silva, C. R. L. da. (2020). Actigrafia versus Polissonografia para Identificar Alterações nos Padrões de Sono de Adultos com Insônia. Revista Neurociências, 28, 1–25. https://doi.org/10.34024/rnc.2020.v28.10600

Mattos, A. C. S. de. (2018) Avaliação de parâmetros actimétricos em idosos saudáveis e com declínio cognitivo. Dissertação (Mestrado em Envelhecimento Humano) - Universidade de Passo Fundo, Passo Fundo, RS

Togeiro, S. M. G. P. e Smith, A. K. (2005). Métodos diagnósticos nos distúrbios do sono. Brazilian Journal of Psychiatry [online], 27(1), 8–15.